História
História do Incinerador Vergueiro
O Incinerador Vergueiro, localizado no Ipiranga, zona sul de São Paulo, foi um dos três incineradores da cidade. Iniciou suas atividades em 1968, a princípio para lixo doméstico, posteriormente incluindo lixo hospitalar a partir de 1977. Ativo até 2002, o Incinerador Vergueiro desempenhou um papel significativo na história da coleta de lixo em São Paulo, chegando a incinerar cerca de 50 toneladas diárias.
O bairro do Ipiranga, predominantemente industrial, testemunhou o crescimento do descontentamento com o Incinerador, cujas fumaças atingiam um raio de 10km, afetando até cidades vizinhas. A população protestou intensamente na década de 90 e início dos anos 2000, destacando a inadequação ambiental do Incinerador. Em 2000, um protesto bloqueou a entrada de caminhões, levando o poder público a avaliar o incinerador.
O laudo de dezembro de 2000 revelou a presença de coliformes fecais, bacteriófagos e substâncias tóxicas nas cinzas, invalidando sua eficácia na esterilização do lixo. Detectou-se também a liberação de substâncias cancerígenas nas fumaças. Pressionada, a prefeitura assinou um Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental, reduzindo a média diária de lixo para 6 toneladas. Em dezembro de 2001, ocorreu a última queima.
Do abandono à ocupação
O Incinerador encerrou oficialmente em 2002, marcado por uma celebração com balões coloridos. Houve 461 reclamações formais, 19 multas ambientais não pagas, e o local permanece considerado tóxico já que o poder público não fez nada para “desintoxicar”. As tentativas de transformá-lo em um polo cultural e ambiental foram frustradas, deixando o prédio interditado, com vidros quebrados e pichações. A chaminé continua como símbolo da luta da comunidade. Ao lado, o Transbordo Vergueiro recebe cerca de 3000 toneladas de lixo diariamente.
Localizado na região centro-sul de São Paulo, mais precisamente no bairro do Ipiranga, em frente à estação de metrô Santos-Imigrantes da Linha Verde do Metrô, o Coletivo Usina Eco-cultural decidiu ocupar o espaço que ficou abandonado durante 20 anos, depois que um grupo de moradores conseguiu paralisar imediatamente as atividades do Incinerador em 2001.